[...]
Você sustentou o olhar, e a minha coragem que ia se esvair com gestos desajeitados e sorrisos de canto de boca, e olhadas de lado, voltou e voltou com força, enchendo o peito, dando passo pra frente, "é, um café, você aceita?".
E você sorriu largo como sempre, com aqueles dentes uniformes e grandes, me fazendo imaginar a textura da sua língua, o gosto da sua boca, aquele detalhe [...] encostando no meu lábio.
Mas daqui uma meia hora eu tenho que voltar pra aula, você disse séria, compenetrada, estudiosa, cdf, caxias. Eu te imaginava erudita, séria na sala e louca na cama, o cabelo [...] tão claro bagunçado na cara, os olhinhos [...] se escondendo por trás das pálpebras se fechando devagar depois de você gozar. Eu te imaginava inteira, porque não tinha certeza nenhuma sobre nenhuma parte sua, sobre nada seu.
Isso tudo havia sido minha viagem de 15 segundos dentro do ônibus, ensaiando pra te dar um oi, pra ceder meu lugar, pra segurar sua bolsa.
Mas você ali tão distraída, ouvindo música, balançando a cabeça, o cabelo preso lindíssimo por causa do calor...
Ah! Santo calor que te fez tirar a blusa, que me mostrou seus braços claros, lindos.
Eu tinha mais um pedaço agora, a consciência mais satisfatória... Eu tinha que falar com você.
Estiquei o pescoço, mas nada. Lá era seu ponto.
Já se vai. Lá se foi.
[...]
Read more...